Segundo o procurador da República Lucas Costa Almeida Dias, os comentários racistas foram veiculados no dia 4 de junho de 2021 e publicados nas redes sociais. Após a divulgação do vídeo do podcast, rapidamente os fatos foram noticiados na imprensa local em razão dos comentários racistas e homofóbicos detectados por espectadores, circunstância que motivou os apresentadores - poucas horas após a publicação - a retirarem o vídeo da internet, com posterior cancelamento do programa, face a repercussão negativa na sociedade acreana.
Segundo os réus, a proposta do programa consistia em comentar, de forma humorística, matérias publicadas na imprensa local, e a primeira matéria comentada pelo trio foi intitulada "Indígena é resgatado após se perder na mata".
Para o MPF, é nítido no vídeo o desprezo dos réus aos povos indígenas, especialmente quando selecionam e incluem, previamente, em roteiro de programa humorístico a matéria intitulada Indígena é resgatado após se perder na mata. Isso porque os apresentadores partem do pressuposto racista de que existem espaços sociais reservados/restritos aos indígenas ("floresta, mata, selva") e o teor estigmatizante da "piada".
A ação destaca o teor das falas dos apresentadores, que se referiam ao indígena como “vagabundo” e “Nutella”, além de tecer, de forma jocosa, comentários homofóbicos no mesmo contexto e outros comentários que visavam ofender o personagem da matéria na matriz de sua identidade, desconsiderando sua origem em razão das vestimentas que apresentava no momento.
Diante dos fatos e da negativa dos réus em acordo extrajudicial visando reparar suas atitudes, o MPF pede que a JF condene os réus ao pagamento solidário de danos morais coletivos no valor de R$ 100 mil, quantia a ser revertida em projetos educativos e informativos sobre a cultura indígena no estado do Acre, elaborados com a participação direta dos povos indígenas e do MPF.