INTOLERÂNCIA RELIGIOSA AMEAÇA TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA AMEAÇA TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

Perseguições, prisões, espaços dedicados a orações fechados, liberdade religiosa ameaçada e acusados de crimes que não cometeram. A descrição pode até remeter ao que as Testemunhas de Jeová passaram na Alemanha Nazista de Aldof Hitler entres os anos de 1933 a 1945. Mas não! Estamos falando da Rússia do presidente Vladimir Putin, em 2017. De acordo com os religiosos, a Procuradoria Geral russa está ameaçando fechar o Centro Administrativo das Testemunhas de Jeová no país, por causa de suposta “atividade extremista”. Em 2 de março de 2016, o promotor de justiça V. Ya. Grin emitiu uma carta de advertência dando um prazo de dois meses para o Centro Administrativo corrigir todas as “violações”.

De acordo com um dos porta-vozes das Testemunhas de Jeová na Paraíba, Victor Menezes, o governo russo proibiu toda organização na região de fazer o trabalho que é feito, de visitar as pessoas de casa em casa, de se reunir para estudar a bíblia e os enquadrou dentro de uma lei antiterrorismo por considerá-los extremistas. Segundo ele, a Rússia não explica oficialmente com base em quê os enquadraram nesta lei.

“Mundialmente somos conhecidos como pessoas extremamente pacíficas. Não temos como explicar o porquê disto. Nem eles não conseguiram explicar”, disse.

Por conta das medidas russas, Testemunhas de Jeová em todo mundo estão enviando cartas e procurando os embaixadores russos em seus países para que tentem reverter a medida, que será analisado pela Suprema Corte da Rússia no dia 5 de abril.

“É uma movimentação mundial. Estamos escrevendo para o embaixador da Rússia aqui no Brasil para interceder. Somos cerca de 800 mil no Brasil, com mais de 10 mil congregações, que estão se mobilizando para isto. A maioria já enviou cartas para o embaixador, para que ele intervenha, ou compreenda melhor esta situação, já foi levado até para a ONU, que ainda não se manifestou”, afirmou.

Victor listou algumas das arbitrariedades que estão sendo praticadas contra as Testemunhas de Jeová na Rússia. “Já esta ocorrendo desde o ano passado. Algumas instalações foram invadidas, algumas reuniões proibidas, alguns irmãos presos. Já foram acionados os tribunais locais e chegou a algumas instâncias e agora estamos recorrendo à Suprema Corte. Dia 5 de abril o assunto vai ser analisado e caso ela ratifique o que já foi feito nas instâncias inferiores seremos banidos e considerados pessoas extremistas, pelo simples fato de ler a bíblia”, lamentou.

Na Paraíba, são cerca de 30 mil Testemunhas de Jeová, distribuídas em praticamente todas as cidades do Estado. Por mais que se esteja longe do Leste Europeu, Victor afirmou que o problema atinge a todos fiéis. “Uma agressão desta num país como este, mexe conosco e são nossos irmãos e sabemos os valores que defendemos”, afirmou.

Testemunhas já esperavam que isto acontecesse

Victor explicou ainda que, de acordo com a interpretação que as Testemunhas de Jeová fazem da Bíblia, a situação não é uma novidade e, inclusive, já era esperada que acontecesse, até em proporções maiores.

“Para nós, toda esta situação não é novidade. Pelo que entendemos da Bíblia, as coisas estarão caminhando nesta direção mesmo de uma hostilização religiosa por parte de governos. É somente o começo de uma movimentação no cenário mundial para uma grande mudança que está a ocorrer por parte de Deus. Não é de hoje que a religião não tem sido bem vista pelos governos humanos”, confessou.

Apesar disto, Victor afirmou que não há um temor por parte dos fieis. “Na verdade não há um temor. Sabemos que isto vai acontecer, mas não chega a se configurar em um temor. Para nós é um cumprimento do que está para acontecer e quando isto chegar a acontecer vai ser um desfecho de todo um enredo de uma historia que entendemos a partir da leitura da Bíblia”, explicou.

Agressões e arbitrariedades na Rússia

Além das prisões e perseguições, Victor afirmou que os fieis estão sendo expostos à violência física, cometidas pelas autoridades russas. Nem as crianças e idosos estão escapando.

“Com certeza (há agressão). Muitos são agredidos, enclausurados para que cedam a isto, mulheres, crianças, no intuito de nos fazer parar. Chega a ser absurdo prender uma senhora alegando que ela pode ser terrorista”, lamentou.

Histórico de perseguições

Durante o governo nazista de Hitler, entre os anos de 1933 e 1945, Testemunhas de Jeová foram perseguidas, presas e até assassinadas.  Os fieis eram identificados com um triângulo roxo de cabeça para baixo e muitos foram enviados para campos de concentração, como Auschwitz, entre outros.

"Esses chamados Fervorosos Estudantes da Bíblia, são perturbadores; ... considero-os charlatães, não os tolerarei, por suas arrogantes denúncias aos católicos alemães e ao estado de direito por isso os dissolvo para sempre da Alemanha. Essa raça será exterminada”, teria dito Hitler em um dos seus discursos.

De acordo com o professor e um dos fundadores do curso de Ciência das Religiões da Universidade Federal da Paraíba, Severino Celestino, a Rússia, na época da Cortina de Ferro, a liberdade religiosa não existia. Em relação à Paraíba, ele disse que a intolerância religiosa existiu em grande escala no tocante aos cultos de religiões de matriz africana, mas que atualmente, com o trabalho das autoridades religiosas, está em situações mais pontuais.
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